quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

É certo que a confiança do homem em suas próprias forças o torna capaz de realizar coisas materiais que não se podem fazer quando se duvida de si mesmo; mas, aqui, é unicamente no sentido moral que é preciso entender estas palavras. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade, que se encontram entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos rotineiros, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas são também montanhas que barram o caminho de todo aquele que trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem vencer os obstáculos, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. A fé, que é vacilante, provoca incerteza, hesitação, de que se aproveitam os adversários que devemos combater; ela não procura os meios de vencer, porque não crê na possibilidade de vitória.
Noutro sentido, entende-se como fé a confiança que se tem no cumprimento de uma coisa, na certeza de atingir um objetivo. Ela dá uma espécie de lucidez, que faz ver, pelo pensamento, os fins que se tem em vista e os meios para atingi-los, de modo que quem a possui caminha, por assim dizer, com total segurança. Num como noutro caso, ela leva a realizar grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma, dá a paciência que sabe esperar, porque, apoiando-se na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de atingir o objetivo. A fé vacilante sente sua própria fraqueza; quando é estimulada pelo interesse, torna-se enfurecida e acredita que, aliando-se à violência, obterá a força que não tem.
A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, é uma prova de fraqueza  e dúvida de si mesmo.
É preciso não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade; aquele que a possui  confia mais em Deus do que em si mesmo; sabe que, simples instrumento da vontade de Deus, nada pode  sem Ele e é por isso que os bons Espíritos o ajudam. A presunção é mais orgulho do que fé, e o orgulho é  sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos fracassos que lhe são impostos. O poder da fé é  demonstrado direta e especialmente no magnetismo. Por ele, o homem age sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível. Aquele que, a um grande  poder fluídico normal, juntar uma fé ardente pode, unicamente pela vontade dirigida para o bem, operar
esses fenômenos especiais de cura e outros mais que antigamente eram tidos como prodígios e, no entanto,  são apenas o efeito de uma lei natural. Este é o motivo pelo qual Jesus disse a seus apóstolos: Se não o  curastes, é porque não tínheis fé.

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